- Sente-se. - ele disse depois de alguns segundos me olhando.
- Não, estou bem de pé. - falei. Dean, Jo e Helen chegaram na sala com hesitação. Sam ficou de pé.
- Vamos deixar vocês dois conversarem. - Sam disse.
- Não, fiquem. Não quero ficar sozinha com ele. - falei virando de costas e indo até a janela. Todos eles sentaram no sofá e nas poltronas.
- Eu não queria que você pensasse em vingança. - Bobby tentou se explicar, eu ri debochando.
- Não adiantou muito, não é? - falei, me escorando na parede e olhando pra ele.
- Dá pra parar de ser ignorante? - Dean reclamou. Mandei ele calar a boca.
- Se nós não te contamos, foi para te proteger! - Bobby falou sem jeito.
- Eu não sei se vocês perceberam, mas eu não sou uma criança. E nem era naquela época. - falei.
- Eu sei, Sie! Nós erramos. - ele disse. Revirei os olhos. Só existia uma pessoa ainda viva que me chamava de Sie, e essa pessoa era Bobby.
- Você sabe que vai ter que me contar tudo, né? - falei pra ele. Ele abaixou a cabeça. Ele fez um gesto para eu sentar no sofá, eu obedeci. Sentei ao lado de Sam, sem olhar para ninguém além de Bobby, falei para ele começar.
- Seu pai estava na mesma cidade que eu e John, por coincidência. Nos encontramos e contamos o que iriamos fazer. Ele tinha trabalho na mesma noite, por isso não combinou de ir conosco. Vocês resolveram o caso de vocês antes, e foram até onde estávamos. John e eu estávamos encurralados. Azazel me apagou e estava quase matando John quando seu pai chegou. Desviou a atenção do demônio pra ele mesmo, isso deu tempo pra John respirar e quando ia exorciza-lo, Azazel apenas riu e quebrou o pescoço de Richard com um gesto simples, John tentou socorrer seu pai, isso deu tempo pra Azazel colocar fogo no quarto e fugir. Nisso eu acordei, John e eu tiramos o corpo do seu pai da casa, e os moradores. Mas já era tarde, seu pai morreu na hora. - ele disse, com voz embargada.
Houve um tipo de silêncio estranho na casa. Um silêncio de compreensão. Ninguém precisava falar nada, para saber o que o outro estava pensando.
- Vocês fizeram eu pensar que o meu próprio pai morreu queimado, para não procurar vingança. - rompi o silêncio.
- Richard sempre soube que você não sossegaria até encontrar vingança pelo os dois. - Bobby disse. Sam me olhou.
- Pelo os dois? - perguntou Sam.
- Bom, eu acho que já passou da hora desse filho da mãe parar de matar as pessoas que eu conheço. - falei com raiva, ignorando a pergunta de Sam.
Depois daquela conversa, fui tomar um banho e tentar dormir. Já estava amanhecendo quando consegui pegar no sono.
Quando abri os olhos pensei que não tinha dormido nada. Estava dia ainda, peguei o celular e vi as horas: 17:14. Soltei um palavrão, troquei de roupa correndo e sai gritando por Bobby pela casa toda.
Ninguém me respondeu. Vasculhei a casa inteira, gritando pelos três, mas o silêncio era o mesmo. Saí na varanda e dei de cara com Jo.
- Que pena, pensei que você tivesse entrado em coma. - ela disse, olhando para as unhas.
- Cadê todo mundo? Porque deixaram que eu dormisse até agora? - perguntei.
- Bobby, Dean e Sam estão caçando. Minha mãe foi comprar comida. Achei você muito mais agradável dormindo. - ela disse friamente.
- E você não me ouviu gritando que nem louca? - falei indignada.
- Pelo o que eu ouvi, você não chamou meu nome. - ela disse simplesmente. Ri debochando. Não respondi, porque na hora meus olhos passaram por aonde meu carro deveria estar. Meu coração falhou um milésimo.
- Cadê. O meu. Carro? - grunhi. Jo apenas me olhou ironicamente.
- Bobby obrigou Sam a leva-lo junto com eles, parece que você não é bem vinda na caçada deles. - ela respondeu.
Fechei os olhos para me acalmar e tentei tirar da minha cabeça, a imagem de Jo sendo socada por mim. Dei a volta e entrei novamente na casa. Sentei no sofá e liguei para Bobby.
- PORQUE VOCÊ ROUBOU O MEU PORSCHE? - gritei assim que Bobby atendeu.
- Bom dia, Bela Adormecida. - ele disse calmamente, o que me irritou mais ainda.
- Porque você não me acordou? - perguntei com voz tremula.
- Decidimos deixar você dormindo. - ele disse, pude ouvir a risada de Dean do outro lado da linha.
- Nossa, quanta bondade, fiquei impressionada. - falei ironicamente.
- Sério, descanse, amanhã temos uma longa viagem. - ele falou.
- O caso era meu, Bobby, qual é.. - tentei argumentar.
- To nem aí pro seu egoísmo, garota. - ele xingou. Revirei os olhos.
- E o meu carro? - perguntei.
- Sam está dirigindo-o. Fica tranquila, está em boas mãos. - Bobby respondeu.
- Diga a Sam, que se meu carro voltar com um arranhãozinho sequer, ele não vai saber nem o que foi que o atingiu. - avisei e desliguei antes que ele pudesse responder.
Comi alguma coisa, e depois recomecei a estudar a Colt. Mas Jo não faria do resto do meu dia mais fácil. Assim que Helen chegou, ela foi pra cozinha e começou a fazer das panelas uma bateria, o que impedia que eu me concentrasse.
- Bitch. - resmunguei, pegando os livros, o notebook e a Colt e saindo da sala. Fui pro meu quarto e bati a porta com tudo ao entrar.
Todas as informações que eu encontrei foram colocados no papel. Li, reli, li de novo. Revisei um bilhão de vezes. Minha cabeça estava a ponto de explodir quando olhei o relógio: 01:45 da manhã.
- Que merda eu to fazendo? - falei. Eu estava me matando de estudar enquanto os três ficavam com a diversão. Tirei os óculos e fui até a cozinha. Helen e Jo provavelmente já haviam ido dormir, pois estava tudo escuro.
Fiz um sanduíche e fui até a sala. Liguei a TV, quando terminei o lanche, meu olhar parou na estante aonde ficava a coleção de whisky de Bobby. Sorri.
Fui até lá sem fazer barulho. Assoviei baixo. Ele tinha de todos os tipos e marcas que eu podia imaginar.
- Depois reclama quando chamam ele de bêbado. - falei rindo.
Fui olhando um por um, até uma garrafa verde me chamar a atenção. O meu tio alcoólatra tinha uma garrafa ilegal de Absinto.
Peguei a garrafa, depois hesitei. Ele devia ter trabalhado fundo pra conseguir isso. Mas depois pensei na sacanagem que ele havia feito, me deixando fora do trabalho que eu tinha começado. E ainda por cima roubando meu carro.
Fui até a cozinha, peguei um copo e gelo. Voltei até meu quarto, abri a janela, coloquei meu fone de ouvido com a minha música favorita tocando.
Sentei na poltrona, servi uma dose e fiquei lá, descansando. Aproveitando um tempo sozinha, coisa que não fazia desde que cheguei ali.
Quando estava já no segundo copo, sem perceber eu já estava cantando as músicas em voz alta.
Não percebi o tempo passar, eu quase não tinha o controle do meu próprio corpo. Parei na metade da garrafa, uma gota a mais daquilo e com certeza eu entraria em coma alcoólico.
Com muito esforço, rastejei até o banheiro e tomei um banho para ver se eu melhorava. Tudo girava em câmera lenta.
Nem vi que roupa eu coloquei, só me joguei na cama e apaguei instantaneamente.
Despertei com uma pressão esmagando minha cabeça. Quando abri os olhos a luz que eu havia deixado acessa no quarto, quase me cegou. Estiquei a mão até a mesinha de cabeceira e peguei meu celular, eram quase cinco da manhã, eu não devia ter dormido muito.
Tentei voltar a dormir, mas minha garganta estava totalmente seca. Bufei e cambaleei até a cozinha com os olhos quase fechados.
Procurei pela geladeira, abri e peguei a jarra de vidro com água.
~Sierra narrando OFF~
~Dean narrando ON~
Bobby, Sammy e eu conseguimos resolver o caso antes que alguém mais morresse. Foi um caso realmente fácil, demoramos apenas dois dias para resolve-lo.
Chegamos na casa de Bobby lá pelas quatro da manhã. Nem vi aonde os dois foram, eu apenas me joguei no sofá e apaguei na hora.
Acordei quando ouvi alguns ruídos pelo corredor. Peguei minha arma que estava de baixo da almofada em que eu estava deitado, e fui até aonde barulho estava.
Sam e Bobby não fariam pouco barulho, por isso estranhei. E eles estavam tão cansados que não acordariam para ir até a cozinha durante a madrugada.
Cuidei para não fazer barulho, com a arma pronta. Quando cheguei lá, tudo o que ouvi foi o barulho de uma jarra de vidro quebrando.
- SON OF A BITCH!! - Sierra e eu falamos ao mesmo tempo. Nesse mesmo momento, meu cérebro registrou que ela estava só de calcinha na parte de baixo e com uma camisa do Guns N' Roses preta desbotada, que ficava gigante nela.
- Abaixa essa arma, Winchester! - ela falou, indignada. Suspirei e guardei a arma no bolso da calça.
- Essa jarra era a favorita de Bobby. - zombei, olhando para os cacos de vidros no chão.
- Eu não vou limpar essa sujeira. - ela avisou, indo em direção a mesa.
- O que você vai fazer? - perguntei.
- Eu estou de pés descalços. Não vou passar por cima do vidro. - falou como se fosse óbvio, tentando subir na mesa.
- Você ta bêbada. - eu disse. Ela me olhou feio.
- Eu não sou você, sabia? - ela disse. Revirei os olhos. Fui até aonde ela estava, e a coloquei sobre meu ombro.
- Sim, eu sei. - falei. Ela começou a gritar e me dar socos nas costas.
- Me solta, seu idiota. - ela berrou.
- Só vou impedir que você corte seus pés, pirralha. - falei. Cheguei na sala e a joguei no sofá.
Ela me xingou de todos os palavrões que vieram a sua mente. Ignorei. Alguns minutos depois ela se irritou definitivamente e foi para o seu quarto.
Deitei no sofá rindo. E pelo o que eu me lembre, a imagem dela com aquele camisetão desbotado, foi a última coisa que eu pensei antes de pegar no sono.
~Dean narrando OFF~
Nenhum comentário:
Postar um comentário